sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Inclusão social

À conversa com Maria Manuel Silva, Directora-adjunta da Agência Nacional

A inclusão social tem sido uma temática prioritária nas actividades levadas a cabo pela Agência Nacional do Programa Juventude em Acção. Nas 7 auscultações regionais feitas no âmbito da Semana Europeia da Juventude fez-se questão na participação de jovens que enfrentam diariamente dificuldades de integração, seja por serem de classes menos favorecidas, por serem jovens portadores de deficiência ou jovens imigrantes, entre outros. O objectivo é conseguir uma representação da juventude portuguesa o mais justa e inclusiva possível. À conversa com Maria Manuel, ficámos a saber mais sobre os próximos planos da Agência Nacional (AN) relativamente à inclusão.
Desde meados de 2007 (ano em que se estabeleceu) que a AN tem-se pautado por fazer mais e melhor no que respeita à gestão das políticas e programas da juventude. Ouvir o que os jovens têm para dizer é uma condição sine qua non para que todos os projectos levados a cabo pela AN tenham resultados satisfatórios.
A Estratégia Nacional para a Inclusão do Programa Juventude em Acção tem como objectivo principal fazer uma série de auscultações a nível nacional (nas 7 regiões definidas) das entidades que trabalham com o Programa Juventude em Acção (PJA), no sentido de as mesmas poderem transmitir que é que em termos de aplicabilidade do PJA, nomeadamente na área da inclusão social, é necessário fazer para melhorar. “No fundo, é fazer uma análise SWOT com oportunidades, ameaças, pontos fortes e pontos fracos nos projectos que nós consideramos inclusivos”, explica Maria Manuel Silva. Desta primeira etapa, que se prevê que se inicie em Dezembro de 2008 e termine em Fevereiro de 2009, farão parte apenas entidades que tenham já executado um certo número de projectos na área da inclusão.
O projecto visa igualmente uma melhor adequação do PJA às reais necessidades. “Vamos ao terreno, vamos ouvir as pessoas que trabalham para fazer com que o PJA actual seja mais eficaz também na sua intervenção. O objectivo último é a aplicabilidade do programa e sua adaptação à realidade com níveis de eficácia grandes”, reforça a directora-adjunta.

O processo de auscultação e a apresentação dos resultados

Cada um dos 7 fóruns regionais previstos terá a duração de 1 dia. Estão planeadas dinâmicas que identifiquem, de imediato, os tais pontos fortes e fracos que os projectos inclusivos têm na sua essência. Sem nunca perder o PJA de vista, Maria Manuel Silva esclarece: “o que se pretende é que neste momento seja feita uma avaliação do mesmo enquanto ferramenta de inclusão. Só depois é que se irá especificamente à área da inclusão social, para se saber o que está a ser feito, o que há para melhorar e o que se deve manter.”
Findo processo consultivo em formato de fórum, será apresentado um instrumento mais qualitativo. Será um documento que as entidades têm a possibilidade de levar com elas para preencherem e devolverem posteriormente à Agência Nacional, de modo a que se complemente a informação recolhida nos fóruns.
Após o tratamento dos dados surgirá um documento conclusivo com os resultados das várias auscultações. “A ideia é que esse documento seja depois editado”, refere Maria Manuel, “vamos criar um produto com essas conclusões que vai ser distribuído por todas as entidades que participaram e por todas as actividades e organizações que gravitam à volta e trabalham com o PJA. Depois, partimos para uma segunda fase que neste momento ainda não sabemos o que vai ser, porque isto é um processo que vai sendo construído e só no fim desta primeira fase é que nós vamos ter a real noção do que é que nós podemos fazer para melhorar e saber qual será o nosso contributo nesta estratégia nacional. Vai haver de certeza uma segunda fase que vai ser extraída dos resultados da primeira”, conclui.

Comunidades práticas juvenis

Paralelamente a todo este processo, mas ainda dentro do objectivo principal da Estratégia Nacional de Inclusão, está a criação das comunidades práticas juvenis. Pretende-se que estas comunidades funcionem como espaços de informação nos quais as entidades podem partilhar informações de um modo menos formal e mais livre. Maria Manuel dá um exemplo: “quando uma entidade que está a trabalhar num projecto inclusivo tem uma dificuldade, através destas comunidades poderá partilhar com uma outra entidade mais experiente, as suas dúvidas e até mesmo aprender com ela. Pretendemos proporcionar meios e plataformas para que haja uma troca constante de informação para um maior ajuste na intervenção na área da inclusão.”
Para estas comunidades práticas juvenis a AN pensou em 2 momentos fundamentais. Por um lado, a criação de espaços e actividades em que se convida as associações a trocar entre elas as informações e as experiências que achem relevantes partilhar. Por outro, e já num segundo momento, criar uma rede de contactos, aproveitando as mais-valias das novas tecnologias, como a internet, em que todas estas entidades estivessem ligadas e em que todas pudessem partilhar os seus objectivos, ideias, desafios e informações úteis para que estivessem todas em sintonia e no fundo convergissem para um objectivo só.

Por Rafaela Grácio

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