Partida, largada, fugida!
Castelo Branco, 8 de Outubro de 2008. Foi no auditório das instalações do Instituto Português da Juventude (IPJ) de Castelo Branco que se deu início à “maratona” dos eventos regionais da juventude. Foram cerca de 150 jovens, vindos dos 6 distritos da região centro para a primeira das 7 auscultações feitas a nível nacional sobre as políticas da juventude.
O Director Regional do IPJ, Miguel Nascimento, não podia estar mais satisfeito. “É um orgulho muito grande o facto de a Agência Nacional ter escolhido Castelo Branco para ser a pedra de lançamento para a celebração da Semana Europeia da Juventude a nível nacional”, refere. Sendo uma região grande e extremamente diversificada no que toca a conselhos, freguesias e associações juvenis, o trabalho do IPJ e da Direcção Regional em parceria e sintonia com a Agência Nacional mostra resultados. “Temo-nos pautado por fazer o nosso melhor. As pessoas que trabalham comigo, bem como toda a equipa, são peças chave nesta actividade. Se não fosse o trabalho empenhado e dedicado dos funcionários do IPJ e de todos os envolvidos no programa Juventude em Acção não seria possível este trabalho alargado em toda a região”, assegura Miguel Nascimento.
Até ao próximo dia 9 de Novembro, um pouco por toda a Europa dos 27 mais 4 países (os 27 Estado-membro mais a Noruega, Islândia, Liechtenstein e Turquia) vai celebrar-se a Semana Europeia da Juventude. Concertos, actividades, auscultações e seminários são algumas das modalidades eleitas pelos estados como forma de promoção e incentivo à participação juvenil. O objectivo? Elaborar recomendações concretas ao nível nacional para serem a posteriori debatidas a nível europeu de modo a figurar num plano de políticas da juventude para a próxima década. Imaginam a responsabilidade?
Os grupos de trabalho
Uma equipa de 4 facilitadores da bolsa de formadores do Conselho Nacional da Juventude (CNJ) está garantida a cada evento regional para tornar tudo mais fácil. Em 8 grupos de trabalho divididos ao longo do dia (4 de manhã e 4 à tarde), os participantes são envolvidos numa dinâmica de educação não formal de modo a produzir autonomamente ideias concretas a serem apresentadas no final do dia de trabalhos. Os temas são iguais para todas as regiões: Participação e Cidadania; Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Cooperação Global; Saúde; Diversidade e Igualdade de Oportunidades; Educação Formal e Não Formal; Emancipação Juvenil; Cultura, Criatividade e Inovação.
Para muitos, esta é a primeira vez que participam em encontros do género. Num primeiro grupo que visito, o da Diversidade e Igualdade de Oportunidades, o pouco à vontade para participar é notório. O tema é sério e exige concentração. Mas “é tudo tão vasto”, oiço de um participante. Inclusão Social; Luta contra o racismo e discriminação; actividades interculturais e igualdades de oportunidades revelam-se os pontos de partida. São precisas ideias. Na verdade, é necessário uma “chuva de ideias” para se ter conclusões diversas e reais.
Aos poucos, a palavra vai surgindo e no final, mais tempo houvesse, mais se debatia e discutia. “Acho que isto é exemplo da democracia no seu melhor”, diz a participante Helena Pinho, 28 anos, psicóloga. “Os temas são muito interessantes bem como a metodologia. A mais-valia deste método menos formal de trabalho é que toda a gente participa. Só era preciso mais tempo. Todos acabam por dar um bocadinho de si e as conclusões ficam muito mais ricas”, continua.
Cada grupo de trabalho tem um relator. O relator é o responsável pela redacção do texto final a apresentar em auditório aquando da sessão de encerramento da consulta regional. Neste grupo que sigo não é fácil conseguir um voluntário. Olhares e sorrisos cruzam-se a medo na sala de trabalho. “Eu não, eu não” sussurram uns. A meio da sala, uma mão no ar: Diogo, o corajoso. “Temos relator. Uma salva de palmas”, anuncia Andreia Henriques, a facilitadora do grupo. À saída da sala, encontro o Diogo. Acabava de redigir o documento final do seu grupo. O Diogo tem 18 anos, vem de Vila Velha, e é aluno da Escola Secundária Mato Lusitano. Para ele, tudo isto é novo: os temas, a dinâmica, a responsabilidade. Diz-me que ao escolher este workshop espera ficar a saber “mais alguma coisa”. Para ele o tema racismo é um dos mais importantes. “Pelo número de emigrantes e imigrantes que Portugal tem, devia haver menos racismo. Começando logo desde cedo por juntar jovens de várias etnias e países para que não haja conflitos no futuro”, justifica.
A importância de ouvir
Ao falarmos de auscultação, estamos a pedir e a definir um espaço livre de debate e pensamento sobre temáticas relevantes para um investimento futuro que se pretende eficaz. Não é fácil, mas também ninguém diz que é impossível. Ao celebrar 20 anos de políticas e programas da juventude, a Comissão Europeia dá agora um passo importante no processo consultivo aos jovens. Querem ouvi-los e torná-los co-responsáveis pelas decisões tomadas ao nível da juventude na década que aí se avizinha. A determinação e o empenho com que a Agência Nacional está a levar esta missão são, por isso, consequentes. “É importante ouvir, falar e discutir porque cada vez se comunica menos”, diz-me o engenheiro Rui Moreira, presente em representação do Centro de Informação Europeia Europe Direct e da direcção regional da Agricultura e das Pescas do Centro. “É importante que eles façam parte da construção da sociedade a que eles vão pertencer. Que discutam a sociedade que eles vão viver. Porque, como dizem alguns pensadores: a discutir é que nasce a luz.”
Rafaela Grácio
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