Pelos caminhos de Portugal
Azinheira dos Barros, 13 de Outubro de 2008. A mescla de pronúncias que esta “volta a Portugal” nos proporciona continua. O quarto evento regional aconteceu em Azinheira dos Barros, uma pequena povoação com pouco mais de 200 habitantes, localizada no Concelho de Grândola. O Director Regional do IPJ, Carlos Cunha, esclarece a escolha: “por norma, o IPJ Direcção Regional do Alentejo faz sempre por ter iniciativas em parceria com associações locais de zonas menos centralizadas.” Foi a Associação Barrense, sita em Azinheira dos Barros que ajudou a organizar o evento que juntou 30 jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 20 anos. Visto o Alentejo ser, em termos geográficos, a maior região do país, a mobilização e deslocação de jovens participantes para esta consulta regional não foi fácil. Talvez por isso, só tenham estado presentes jovens provenientes da vila de Campo Maior, e das cidades de Portalegre e Beja.
A geração da mudança
Na sessão de abertura que, para além da presença habitual do Director da Agência Nacional e do Director Regional, contou também com a presença do Prof. Carlos Zorrinho, professor catedrático do Departamento de Gestão de Empresas da Universidade de Évora e coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico, foi notório o incentivo à participação. “Vocês são a geração da mudança”, alerta Zorrinho, justificando o chavão como uma expressão necessária. “É importante este diálogo com os jovens porque muitas vezes eles não querem aquilo que nós, mais velhos, pensamos que eles querem”, admite Pompeu Martins, Director da Agência Nacional. Carlos Cunha reforçou ainda o “conhecimento do outro” como o primeiro passo a ser dado no processo de Construção Europeia, baseado na tolerância. A importância de “pensar global” foi também marcada, pelo Professor Zorrinho, como “factor chave” para a entrada no mundo do trabalho. O mesmo aproveitou para lembrar que “Portugal apesar de ser ainda um país um bocadinho periférico em relação à Europa tem excelentes relações com o resto do mundo, e está numa posição muito central”.
A posição da juventude saiu reforçada da mesa de abertura, até porque “não faz sentido pensarmos em políticas sectoriais, pois os valores (como os da juventude e a igualdade de género) são transversais a todas as políticas”, reforçou Carlos Zorrinho antes do início da ordem de trabalhos, “o mundo maravilhoso constrói-se a partir de nós”.
Participação e Cidadania
Nesta consulta, decidi perceber de que se fala quando se fala de Participação e Cidadania, o tema de um dos grupos de trabalho da auscultação nacional. A Sónia e o Filipe, ambos da Escola Secundária de Campo Maior tentaram esclarecer-me: “ A cidadania é um tema abrangente, é a base dos nossos direitos e deveres como cidadãos. Para termos esses direitos que tanto reivindicamos devemos cumprir as nossas obrigações perante a população em geral, ” define a Sónia. Mas é exercendo a cidadania que “os jovens têm um papel fundamental”, continua. “Porque o mundo depende da nossa geração. Os jovens devem participar mais em todas as acções de campanha de sensibilização e de apoio à cultura, por exemplo. O voto também devia ser alargado em muitas das questões relacionadas com a educação, porque nós somos a educação desta geração e nós temos de fundamentar as nossas propostas. Temos de criar meios que nos obriguem a participar e a ter um papel interveniente na nossa sociedade” sugere.
Filipe vai mais além e critica o modo como os políticos tratam os jovens, “geralmente a classe política costuma ignorar a opinião dos jovens”. No entanto, assume que “são encontros como este” que lhes dão a oportunidade de mudar e sugerir alterações. E deixa a nota “ era bom que aos níveis local e regional fossem criados conselhos de juventude que englobassem associações juvenis, para que estas possam participar nas decisões políticas efectuadas.
A garantia final
Como neste ciclo de consultas regionais o que conta é a palavra deles [dos jovens], é garantido pela Agência Nacional o envio de todas as recomendações feitas ao nível regional para o nível nacional, onde serão posteriormente analisadas e discutidas entre os seleccionados a representar o país e as suas regiões. A Sónia e o Filipe estão entre esses seleccionados e marcarão presença em Portimão já no próximo mês de Novembro.
Apesar do baixo número de participantes que o evento do Alentejo conseguiu reunir, ao encerrar o dia de trabalhos, Carlos Cunha termina com uma certeza “o Alentejo vai mudar muito nos próximos 10 anos e eu acredito que os jovens da região estão à altura do desafio.”
Rafaela Grácio
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
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